domingo, 4 de maio de 2008

Carta para o futuro

Hoje à noite eu podia sentir seu cheiro no meu travesseiro. Foi estranho, mas confesso que gostei. Ter você tão perto de mim depois de tanto tempo foi reconfortante.Sinto sua falta, mas não sei se esse sentimento é o melhor no momento. Eu queria que tudo voltasse a ser como era antes, eu e você sendo quase uma única pessoa, completando as frases um do outro, adivinhando pensamentos! Coisas que não fazemos com qualquer um e que eu, por sinal, só fazia com você.

As outras foram apenas as outras. Carnal, pura e simplesmente carnal. Me admiro às vezes de pensar o quanto você foi especial na minha vida. E ainda o é, só que agora estamos assim meio que inimigos. Já dizia Ana Carolina: “como velhos desconhecidos, se você não me escuta, eu não vou te chamar”. É bobagem tentar o impossível, todos sabemos. Por mais sonhador que eu seja, por mais romântico que eu possa parecer, não quero que você me humilhe. E é isso, provavelmente, o que fará, já que precisa descontar em alguém sua raiva. Eu sabia que seria assim. No fundo eu sabia que você preferiria que a corda estourasse do meu lado, se tivesse que escolher. E assim o fez, sem hesitar nem levar em conta tudo o que vivemos.

Por falar em tudo o que vivemos, hoje sonhei com nós dois. Ultimamente, isso está se tornando rotina. Não sei porquê, mas gosto de pensar que você ainda está comigo, mesmo depois de tudo o que aconteceu. Quando meu telefone toda, eu fico ansioso esperando que seja você. Mas e se for? O que eu vou fazer? Fingir que nada daquilo foi verdade e que ainda somos o mesmo que éramos antes? Acho que não. Provavelmente vou fazer a mesma coisa que você faria comigo: te rejeitar friamente e figurar um ódio que suprimiu todo o amor! Amor e ódio são sentimentos muito, mas muito próximos mesmo.

Quem sabe toda essa vontade de consertar as coisas não é na verdade uma grande saudade por tudo aquilo que vivemos? Sim, pode ser vontade de que tudo volte a ser o que era antes, do mesmo jeito, sem tirar nem pôr. Aquele ‘chove não molha’ que nós vivíamos era muito bom. Alimentava nosso ego, nossas fantasias, fazia-nos sonhar com algo que sabíamos, nunca iria se concretizar. E por isso era bom! Ficava apenas no plano da fantasia. Tanto que quando tivemos a chance de reverter isso, não o fizemos. Porém, continuamos alimentando aquela mesma fantasia, deixando sempre vivo o sonho e a ilusão.

Eu sei que você está passando pelo mesmo que eu. Eu sei que você está com saudades de ter alguém com quem falar sobre seus problemas, sobre sua vida, sobre suas descobertas e aventuras. Sei também que se eu reaparecesse hoje na sua vida, tudo seria bem diferente. Somos pessoas diferentes agora. Temos outras metas totalmente diferentes. Creio que você tem outra personalidade depois de toda essa experiência maldosa que o destino nos obrigou a passar, essa prova de força que, infelizmente, não conseguimos superar.

Aprender a perdoar é um dom, que eu não possuo. Quem sabe um dia não só eu, mas você também, o desenvolva, e possamos voltar a sermos o que éramos. Sim, você tem um caráter permanente em minha vida. Por mais distante que esteja, sempre vou me lembrar com carinho de você. E não vou guardar grandes lembranças desse fim besta que tivemos, apenas me lembrarei de tudo de bom que vivemos, dos momentos alegres e dos planos. E quando eu tiver 31 anos, no dia 20 de agosto, com certeza eu me lembrarei de você E pensarei o quanto eu poderia estar feliz naquele dia, e não estou por não ser capaz de superar nem de perdoar. Talvez nesse dia eu me torne uma pessoa melhor.

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